Uma mulher no escuro, de Raphael Montes

No dia em que completou quatro anos de idade Victória vivenciou algo sombrio e devastador. Ela presenciou o assassinato de seus pais e de seu irmão mais velho na sua própria casa. Após a ocisão o assassino pichou a cara de todos os mortos de preto e inclusive a cara da Victória, pois ele achou que ela também estava morta, porém ele havia apenas aleijado sua perna. E naquela noite de horror em que ela mergulhava em uma vida de escuridão ela só tinha a companhia de seu ursinho de pelúcia, Abu.

Após a narrativa daquela noite pulamos para o primeiro capítulo que nos remete à Victória com vinte quatro anos, solitária, resistente e com muitas dificuldades para confiar nas pessoas e em se socializar. Atualmente ela trabalha em uma lanchonete e mantém contato apenas com uma tia avó que vive em um asilo, um amigo, Arroz, que tem uma paixão platônica por ela, um cara chamado Jorge que frequenta bastante a lanchonete que ela trabalha  pelo qual ela se apaixona e seu terapeuta, Dr. Max, que se voluntariou para cuidar de seu caso e está conseguindo desenterrar em Victória a coragem para se abrir para a vida e para algumas pessoas que estão mais próximas à ela. 

Graças ao novo terapeuta a vida de Victória parece estar caminhando contra a escuridão. Ela está conseguindo viver novas experiências e até se arrisca numa paixão e em relacionamentos pessoais mais abertos. Mas é aí que acontece algo que faz Victória parecer a mulher mais sem sorte do mundo. Um desespero toma conta do seu interior quando um dia ela entra em seu apartamento e descobre que o pichador estava de volta. Em sua parede havia pichada a frase "vamos brincar?" e seu ursinho de pelúcia, que antes era branco, estava coberto de tinta preta.

Pronto, todos são suspeitos e Victória precisa descobrir a identidade da pessoa que desgraçou a sua vida. E é nessa corrida, seguindo pistas e provas, que Victória vai conhecer um passado sinistro. Ela vai perceber que verdades foram retorcidas e a omissão de alguns fatos deixou aquela história bem mais assustadora do que ela já parecia ser. E no desenrolar da trama novos personagens vão surgindo para dar corpo à esta história. 

Como não estava me agradando a escrita e nem o contexto deste livro, ele me deixou na expectativa de que alguma hora eu seria surpreendido e para minha decepção isso não aconteceu. Infelizmente achei o final preguiçoso e cheio de reviravoltas que já eram esperadas. Algo que me incomodou muito neste livro foi o estado mental da personagem principal. Ela passou de uma mulher cheia de traumas e receosa para uma mulher aberta e apaixonada de uma forma tão rápida que não me passou verdade nenhuma. 


Título: Uma mulher no escuro
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 254

Na minha percepção o Raphael neste livro tentou trabalhar com a obviedade para confundir o leitor, e isso foi o que me fez não gostar tanto dele. O primeiro contato que tive com o autor foi através do seu livro de contos "O Vilarejo" e nele eu fui realmente surpreendido e cheguei até sentir uns friozinhos na espinha. Neste livro, aconteceu o inverso, tudo que eu esperava, de fato acontecia e isso é frustante quando se trata de um thriller psicológico. Os personagens de Uma mulher no escuro também não me fisgaram em momento algum. Até mesmo a personagem principal, com toda sua história de vida extremamente difícil não foi capaz de me fazer simpatizar com ela. 

Acredito bastante no trabalho do Raphael e o admiro pela fama promissora, principalmente no meio jovem. Tive duas experiências ótimas com o autor, esta, porém, não foi. Mas me conta aí, você que já leu este livro. O que achou? Me deixe saber!

Muito obrigado por ler até aqui. Até a próxima, grande abraço. 

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