Como grande interessada em distopias que sou, faz tempo que tenho vontade de ler Fahrenheit 451, que acredito ser a obra mais conhecida do Bradbury, até hoje não tive oportunidade de lê-lo, mas espero conseguir fazê-lo em breve, agora, mais do que antes, pois tendo meu primeiro contato com o autor através dos contos presentes nesse livro, não tenho dúvida que suas outras obras também poderão me agradar.
A cidade inteira dorme e outros contos traz treze contos do autor. Contos que mesclam, principalmente, ficção científica e suspense, mas, às vezes, uma ‘pitada’ de terror e humor também aparecem.
Não falarei aqui sobre a história de cada conto, como são histórias curtas, qualquer coisa que eu disser sobre eles sinto que estarei falando demais e não quero, de forma alguma, estragar a experiência de leitura de alguém que ainda não teve contato com essa obra. Farei apenas breves comentários sobre o que pensei a partir da leitura de alguns deles.
Durante a leitura eu ficava absolutamente surpresa ao virar as páginas. Pois nas primeiras palavras dos contos, ficava a impressão de que seria apenas uma história futurística sem muita — ou nenhuma — proximidade com a nossa vida. Mas como eu estava enganada. Bradbury tem uma capacidade incrível de colocar a realidade presente na fantasia. Seus contos, mesmo que fantásticos, dialogam imensamente com a nossa realidade.
Um dos meus contos favoritos do livro é intitulado de “O Pedestre” e ele traz de maneira sutil e muito inteligente uma reflexão e crítica sobre o mau uso — ou uso exagerado — da tecnologia. Que é um assunto muito presente em meus pensamentos e que tem me incomodado profundamente já faz algum tempo. Como as pessoas estão deixando o contato com outras pessoas de lado e, muitas vezes, nem percebem isso. O mais triste e bizarro é: estão deixando de lado o contato com pessoas de que elas gostam. Com a falsa ideia de praticidade tem deixado de lado a sensibilidade.
No conto “Uma pequena viagem” percebemos como às vezes o ser humano pode ficar — ou se sentir — sem propósito. Isso foi colocado na história através de algumas senhoras, mas não é necessário atingir certa idade para se sentir desmotivado. Mostra como podemos nos agarrar a alguma coisa como a nossa última — ou única — oportunidade de fazer algo significativo. Algo que nos preencha e que nos satisfaça. Já no conto “O visitante” vemos: desespero, solidão e vontade de possuir. Desejar algo; ter; colocar tudo a perder por medo e insegurança. O conto que dá título ao livro "A Cidade Inteira Dorme" tem um final que me causa arrepios só de lembrar! I-n-c-r-í-v-e-l, apenas.
Poderia falar sobre tantos outros contos, mas vou me conter. Cada leitor através de sua vivência e questionamentos irá absorver algo durante a leitura de vários deles. Os contos — a maioria deles — me trouxeram milhares de pensamentos. Alguns — poucos, felizmente — não disseram muita coisa pra mim quando os li. Talvez em uma releitura minha visão se torne mais clara para eles. Mas no geral, fui absorvida pelas histórias e as terminava de ler com um sorriso de satisfação e um olhar de assombro.
Esse livro foi publicado em 2008 pela editora Globo Livros, mas no ano passado, 2013, ele ganhou nova edição — pelo selo Biblioteca Azul — com capa nova que, aliás, está lindíssima. Como esse foi o meu primeiro contato com o autor eu não tenho como comparar, ainda, com suas outras obras. Mas se você, que me lê agora, ainda não leu nada do autor, por experiência própria te digo que os contos presentes nesse livro serão uma ótima porta de entrada. Estou na expectativa para conhecer outras histórias do Ray Bradbury.
Algumas palavras presentes na orelha dessa edição resumem bem o meu sentimento em relação a esse livro: “a ficção científica, nas mãos de um grande escritor, sempre converge para o presente”.
Vídeo resenha
{4,5}
Livro: A cidade inteira dorme e outros contos
Título Original: Bradbury Stories
Autor: Ray Bradbury
Seleção: Ana Helena Souza
Tradução: Deisa Chamahum Chaves
Editora: Globo Livros - Biblioteca Azul
Páginas: 192
Esse livro parece muito interessante... sou apaixonada por contos. Os contos trazem sempre uma história, então um livro cheio de contos é um livro cheio de histórias diferentes!
ResponderExcluirThe Lord of Thrones
Oi, Karla! São contos diferentes e muito ricos. Permite que o leitor pense nos mais diversos assuntos. Espero que tenha oportunidade de lê-lo e que goste da leitura. :)
ExcluirNão sei se esse livro seria muito a minha praia, sabe? Primeiro porque não sou muito fã de contos, segundo porque li Fahrenheit 451, do mesmo autor, e não foi lá my cup of tea e terceiro (ufa!) por não me conectar com o gênero ficção científica. Porém, sua avaliação me deixou curiosa. Ainda mais com esse aspecto de ter pitadas de humor e terror no texto. Se tiver a oportunidade de ler, vou pensar com carinho. Otima resenha, Amanda <3 Beijos!
ResponderExcluirOi, Tary! <3
ExcluirNão sabia que você não tinha curtido muito o "Fahrenhein 451", faz tempo que quero ler esse livro! Eu acredito que mesmo você não gostando tanto de ficção científica você pode gostar dos contos porque eles dialogam muito com a realidade. Tomara que você tenha oportunidade de lê-lo e que goste. :)
Ps: até mencionei você no vídeo sobre o livro que gravei! rs. Beijão e obrigada!
Oi, td bom?
ResponderExcluirAinda não li nada do autor, mas comprei recentemente o famoso Fahrenhein 451! Estou ansiosa para ler ;)
Beijos
Arrastando as Alpargatas
Oi, Rafa! Tudo bem e você? Quero muito ler o "Fahrenhein 451"! Espero conseguir lê-lo em breve! Boa leitura pra você! :) Beijo!
ExcluirComecei a ler ontem! O primeiro conto foi muito bom. Ja tinha lido as Cronicas Marcianas, Farenheit 451 e Licor de dente de leao ... todos excelentes livros. adoro como a fiçção cientifica nos traz questoes tao profundas da realidade.
ResponderExcluirEu gostei do conto a cidade inteira dorme, além de assustador é sufocante!!!
ResponderExcluirRecomendo que você leia também: O pais dos cegos e outras historias de H.G. Wells.
Abraços.