Como é comum acontecer comigo, o que, primeiramente, me chamou para essa leitura foi o título — Sua voz dentro de mim. E, ao ler a sinopse o meu interesse na leitura foi intensificado, pois descobri que se tratava de uma autobiografia onde, em algumas páginas, Emma Forrest divide com o leitor experiências de momentos árduos de sua vida.
Em seus relatos, Emma não priva o leitor de nenhum detalhe. Passar pelas páginas do livro é como se estivéssemos lendo o seu diário, mas nós — leitores — não somos intrusos. Ela quis compartilhar sua história com o mundo. E, por mais que tenhamos contato com sua dor, tristeza e desespero, ao vê-la enfrentando depressão, distúrbio alimentar, automutilação e tentativas de suicídio, é possível absorver coisas boas e positivas de seus relatos. Pois, à medida que vamos avançando na leitura, percebemos que, apesar de tudo, ela conseguiu ser forte e se reerguer.
Emma dedica o livro ao seu terapeuta — que ela trata no livro por Dr. R. — e, a cada página é perceptível o quanto ele foi importante para sua recuperação. Era nítido o carinho e confiança que ela depositava nele e o quanto ele estava atento aos detalhes e a conhecia profundamente. O vínculo criado entre os dois era visivelmente forte e sincero. E tão importante quanto sua relação com o Dr. R, era a relação da Emma com seus pais. Mesmo que eles não morassem no mesmo lugar — Emma mudou-se para Nova Iorque e os pais ainda viviam na Inglaterra — era admirável o apoio e carinho que eles conseguiam dar para a filha mesmo à distância.
Um fato que esteve presente em vários momentos de recaída da Emma eram os seus relacionamentos amorosos frustrados. Pude perceber como, às vezes, ela depositava sua felicidade e sua crença em alguma melhora em outras coisas ou pessoas. E quão perigoso isso pode ser, afinal, se você não pode “ter” aquilo, como você fica? E se você até consegue aquilo que deseja, mas depois a perde? Não dá pra depositar a nossa felicidade em outra pessoa. Certamente existem coisas e pessoas que nos fazem bem e, sem dúvida devemos procurar estar com elas, mas depender piamente delas, não é algo que deveríamos fazer. Não digo isso com a ideia de mostrar que as pessoas são descartáveis, mas sim com a ideia de que a vida não é estável, ela é mutável. Deveríamos estar sempre cientes disso. Mas não há dúvidas que não é algo tão fácil.
Outro fato marcante na história tem relação com o quadro Ofélia, de John Everett Millais (na imagem acima!). Emma o cita durante sua narrativa apresentando ao leitor algumas reflexões um tanto sensíveis envolvendo a obra. Inclusive, a capa do livro, eu acredito que seja uma referência ao quadro. A imagem da capa nos remete a um ato suicida, talvez em uma banheira, mas traz semelhanças, a meu ver, com a obra de Millais.
Ao iniciar a leitura eu nada sabia sobre Emma Forrest. Seu nome, sua vida, seu trabalho e qualquer coisa a seu respeito eram totalmente desconhecidos por mim. Título e sinopse me atraíram para a leitura, o meu interesse era pela história de vida que seria contada em Sua voz dentro de mim. Agora, conheço parte significativa de sua vida e a admiro pela força e coragem que demonstrou ter, enfrentando seus próprios demônios. Contando com o apoio de algumas pessoas, mas por vezes tendo que enfrenta-los sozinha. Admirável também sua capacidade de colocar em algumas páginas momentos um tanto difíceis, mas com a incrível capacidade de não deixar o texto negativo ou sobrecarregado. A narrativa é fluida e traz uma mensagem positiva e honesta. Ela mostra que foi capaz de enfrentar situações, que por vezes, pensou não ser capaz de enfrentar. Admiro sua coragem por tornar fatos tão íntimos públicos, e conseguindo extrair e transmitir esperança de momentos um tanto obscuros.
Livro: Sua voz dentro de mim
Título Original: Your voice in my head
Autora: Emma Forrest
Tradução: Maira Parula
Páginas: 192
Editora: Rocco
:: VÍDEO RESENHA ::
Oi Amanda!
ResponderExcluirEu não costumo ler biografias, mas esse me pareceu interessante. Também não sei nada sobre a Emma, mas o livro é um bom jeito de descobrir.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Oi, Sora!
ExcluirO legal desse livro é que, acredito, que poderá agradar mesmo quem não tem costume de ler biografias. Eu, particularmente, gosto de biografias, mas o que me chamou pro livro foi a história de vida ali retratada e não o fato de ser sobre a Emma Forrest (que no caso eu nem conhecia antes de ler o livro). É uma história de vida e tanto. Ela passou por muita coisa. Espero que tenha oportunidade de lê-lo um dia. =)
Beijo!
Sou apaixonada por biografias, ainda mais quando são autobiografias, portanto mesmo que sua resenha tenha me feito ter ainda mais vontade de ler o livro, tenho que confessar que só de ler a palavra biografia, fiquei morrendo de vontade de procurá-lo e comprá-lo, mesmo que eu não conheça Emma Forrest. Parece ser muito bom.
ResponderExcluirBeijos.
Oi, Babi!
ExcluirSe você gosta de autobiografias/biografias essa é uma leitura mais que recomendada pra você. Também não conhecia a Emma. Gostei de conhecê-la através dessa leitura. Apesar das recaídas, a meu ver, ela é uma mulher extremamente forte.
Beijo!
Essa questão de arriscar todas as suas fichas em algo ou alguém e esquecer de si próprio é tao comum... Tao perigoso... E tao difícil de mudar.
ResponderExcluirO lema "ame a si mesmo antes de qualquer coisa" é muito bonito na fala, mas na prática não é fácil. Principalmente se tratando de alguém inseguro.
Nao li o livro, mas só pelo fato de ela ter depressão, distúrbios alimentares, entre outras coisas, leva a entender que ela era uma pessoa extremamente insegura.
Acredito que todos nós, nem que seja lááá no fundo, temos um pouquinho de Emma Forrest dentro de nós.
Eu mesma, por morar fora do Brasil e longe de família e amigos, muitas vezes me sinto sozinha, aí bate aquela tristeeeza, aquele medo da vida...
Cabe a cada um de nós buscar uma força interna, o amor próprio e não deixar o desanimo e a insegurança se instalar. Até porque ninguém nasce seguro, fato. É algo que é trabalhado desde sempre.
E nunca depositar sua felicidade em alguém... Essa é a parte mais difícil!
A voz dentro dela era o terapeuta, será? Referência a ele por ter ajudado ela?
Amanda, ótima resenha! Como sempre!
Beijos!
Oi, Ju! Obrigada! <3 Fico feliz que tenha gostado da resenha.
ExcluirRealmente não é algo fácil, porém necessário, né? É bom pelo menos tentarmos manter isso sempre em mente. Não depositar nossa felicidade no outro.
Isso mesmo! A voz dentro dela era a voz do Dr. R. Em um momento ela não o tinha mais por perto para auxiliá-la, ajudá-la, então ela contava com a voz dele dentro dela. É uma passagem muito bonita da leitura quando ela cita isso.
Beijo!
Oi, Amanda!
ResponderExcluirEu não tenho o costume de ler biografias, mas nesses últimos tempos tenho pensado no quanto isso pode ser proveitoso. Sabe, eu gosto de ler aquelas reportagens de jornal sobre completos desconhecidos porque, se o repórter achou que tinha alguma coisa ali, é porque essas pessoas provavelmente tem alguma coisa minimamente interessante pra me dizer, né? Imagina alguém que tem um livro inteiro de coisas pra me dizer, ou pra serem ditas sobre si?
Eu nunca tinha ouvido falar da Emma Forrest (lembro de ter visto o livro em um vídeo seu, só) e fui até pesquisar agora, antes de ler a resenha, pra ver se é uma pessoa que todo mundo conhece menos eu. Mas, bem, você mesma disse que não a conhecia antes, né? Terminei de ler também admirando a força e a coragem dela, e tenho *certeza* de que ela teria bastante coisa pra me dizer, por isso vou guardar esse título aqui comigo.
Beijo!
Oi, Fernanda!
ExcluirPor mais que eu não tenha lido muitas biografias até o momento, elas costumam me atrair. Tenho várias aqui me esperando para serem lidas. O que achei curioso é que, geralmente, me interesso por biografias de pessoas que conheço/gosto/admiro, não é algo tão comum eu querer ler biografia de um desconhecido, sabe? E me vi fazendo isso com "Sua voz dentro de mim" e adorei a leitura.
Interessante sua análise sobre o tema. Pensando que se alguém decidiu escrever e conseguiu publicar sua biografia é porque tem algo de interessante pra contar. No caso da Emma, acho que faz um enorme sentido.
Pois é. Eu também não a conhecia, o que me chamou pra leitura foi sua história de vida e não seu nome ~Emma Forrest~ que, até então, não dizia nada pra mim.
Espero que tenha oportunidade de ler esse livro um dia e que consiga extrair algo dele.
Beijo! :)